ALUNOS PADRÃO 2023
Alunos que obtiveram melhor média no 1° Bimestre
Antônio de Nazaré Frazão Tavernard, ou simplesmente Antônio Tavernard, (Belém, 10 de outubro de 1908 — Belém, 26 de maio de 1936) foi um importante poeta nortista e dramaturgo brasileiro, além de jornalista, contista, cronista, romancista e compositor. Seus poemas líricos, falavam de amor, morte e esperança, vale lembrar, que foi também um dos redatores da revista A Semana, uma das mais importantes a circular em Belém na década de 1930.
Antônio Tavernard nasceu em 10 de outubro de 1908, no mês do Círio de Nazaré, na antiga Vila Pinheiro, atual Distrito de Icoaraci e por isso foi batizado com o nome de Antônio de Nazaré Frazão Tavernard. Sua família morava em um amplo chalé em estilo português localizado na Rua Siqueira Mendes (1ª Rua) nº 585, logradouro este de frente a baía de Guajará. Admirado por diferentes gerações, Tavernard deixou um legado de poesias e prosas que valorizam a cultura e a literatura da região. Filho do teatrólogo Othílio de Alencar Tavernard e Marietta Frazão Tavernard, ele mostrou-se desde cedo, como uma pessoa especial. Seu batismo aconteceu em 29 de novembro de 1908 na Igreja de São Sebastião, ainda na Vila Pinheiro. A família mudou-se para o centro de Belém e em 1915, ele inicia seu curso primário. Já em 1917, com 09 anos de idade, obtêm o segundo lugar no Concurso de Contos Nacionais da Revista Primeira. Em 1919 entra no Ginásio Paes de Carvalho e torna-se um ativo colaborador do jornal escolar (O C.P.C). Com seus 18 anos de idade ingressou em 1926 na Faculdade Livre de Direito do Pará, mas não concluiu o primeiro ano em razão da hanseníase que o maltratou por dez longos anos, levando o talentoso poeta a excluir-se da sociedade, inclusive de seus familiares. Neste período, começava uma das mais tristes passagens da vida do poeta, mas ao mesmo tempo surgia para o mundo lindas expressões literárias, que somente sua inteligência foi capaz de reproduzir. Sendo assim, grande parte de suas obras foram criadas em meio a este contexto, quando ficou doente. A pedido do próprio Tavernard foi construído um pequeno chalé de madeira no quintal da casa da família, o qual foi chamado de “Rancho Fundo”, onde a partir deste ambiente sua produção literária alcança o auge e é lançada nos jornais e revistas da época. Já com quatro anos de reclusão, em 1930, publicou seu primeiro e único livro em vida, intitulado de “Fêmea”, trata-se de um conjunto de contos. Sua importância literária lhe rendeu uma nova reedição histórica publicada em 2011 pela Editora Paka-Tatu, agora revisada e atualizada pelo escritor paraense Alfredo Garcia Bragança. Publicou e lançou a comédia “A menina do 20.000”, em parceria com Fernando de Castro. Escreveu em seguida peças teatrais como a “A casa da viúva Costa”; “Seringadela”; “Que tarde” e “Parati”. Algumas destas peças foram representadas no início da década de 1930 no Palace Teatro, pertencente ao antigo Grande Hotel (onde funcionou o Hilton Hotel e hoje Princesa Louçã) no centro da capital paraense. Sua mais famosa obra na sociedade paraense é musicalizada, cantada em prosa e versos, porém são poucos os que conhecem a autoria, trata-se da letra do Hino Oficial do Clube do Remo, tendo como músico Emílio Albim. Mais de 250 poesias de sua autoria foram publicadas nos vários jornais da cidade, como, por exemplo, o extinto jornal Folha do Norte. Tavernard gostava de livros e era muito sensível. A versatilidade de sua produção é um dos fatores que mais impressionam quem conhece sua obra. Mesmo com poucos anos de vida, ele conseguiu deixar uma extensa produção de poesias e prosas. Sobre o mesmo, é importante destacar suas principais obras: § Poesia: Fêmea, Os Sacrificados, Místicos e Bárbaros (publicado postumamente); § Teatro: A Casa da viúva Costa, A menina dos 20 mil, Seringadela; § Produção Musical: Foi Boto Sinhá, Romance, Matinta-perera, Hino do Clube do Remo. O talentoso poeta faleceu com 28 anos de idade no dia 02 de maio de 1936, ocasionado por um ataque cardíaco fulminante acompanhado de perto por sua mãe Marietta Tavernard. Foi sepultado no Cemitério de Santa Isabel em Belém. |
Em 1953, dezessete anos depois de seu falecimento, foi publicado o livro “Místicos e Bárbaros”, seleção de suas poesias, editadas por Hermógenes Barra. Em 1960, o antropólogo e pesquisador paraense Vicente Salles conquista prêmio da Academia Paraense de Letras com o ensaio literário sobre o poeta Tavernard. Também em 1981, outro prêmio da Academia Paraense de Letras é entregue a professora Margarida Maria do Nascimento Paiva por ter obtido o primeiro lugar em Concurso Literário.
No dia 02 de maio de 1986, por motivo do cinquentenário da morte do poeta, foi lançada a publicação “Obras Reunidas de Antônio Tavernard” de autoria e coordenação do Conselho Estadual de Cultura do Pará. Esta obra reúne 178 poemas e poesias do poeta, que foram publicadas em vários jornais da cidade de Belém. Em 1998, ano em que o poeta Tavernard completaria 90 anos de idade, a Universidade da Amazônia (UNAMA) realizou o Simpósio Antônio Tavernard e lançou na ocasião a edição nº 09 da “Revista Asas da Palavra” com um dossiê sobre sua vida e obra. Já no centenário de seu nascimento em 2008, o poeta foi o escritor patrono da 11ª Feira Pan Amazônica do Livro, ocasião muito especial onde foi possível mostrar para o público sobre o poeta Tavernard, tendo como base sua importância e contribuição na Literatura Paraense. Neste mesmo ano, inaugura-se em 13 de dezembro no Distrito de Icoaraci, a Biblioteca Comunitária Antônio Tavernard, projeto social voluntário sem fins lucrativos, de incentivo a promoção da leitura e acesso democrático ao livro, que em sua plenitude vem resgatar o nome do poeta que por sua vez estava esquecido diante do abandono do chalé na Rua Siqueira Mendes. A Biblioteca possui um acervo de aproximadamente 8 mil volumes, entre livros, periódicos, gibis, recortes de jornais, mapas, obras de referência e multimeios. Está aberta diariamente com serviços de empréstimos, consulta local, atividades culturais (Arraiá Cultural da Sexta Rua), recebe visitas agendadas do ônibus-biblioteca (Biblioteca Municipal Avertano Rocha e Estadual Arthur Vianna), exposições, visitas agendadas de grupo de estudantes, oficinas e reuniões Em 2011 seu primeiro e único livro publicado em vida “Fêmea” foi reeditado pela Editora Paka-Tatu, obra esta revisada e atualizada pelo escritor paraense Alfredo Garcia Bragança. Seu lançamento ocorreu na Feira Pan Amazônica do Livro. Tendo em vista a importância das obras deixadas pelo poeta, o mesmo também foi homenageado em dois espaços da cidade, dando assim, nome a Rua que passa embaixo da Fundação Cultural do Pará (FCP) e ao Complexo Hidroviário da Ilha de Cotijuba. Quanto ao chalé onde o poeta Tavernard nasceu em Icoaraci, funcionou por um tempo a partir de 1986 a “Casa do Poeta”, no entanto, devidos problemas estruturais o espaço ficou impossibilitado para as atividades que inicialmente fora proposto. É importante dizer, que às atividades da Casa funcionou no espaço até meados da década de 1990, o Conselho Interativo de Segurança e Justiça do Distrito de Icoaraci (CISJU), onde ainda era possível conhecer os objetos pertencentes ao poeta e suas obras. Portanto, é possível perceber com base em tudo que foi mencionado, que Antônio de Nazaré Frazão Tavernard caracterizou sua obra pelo sofrimento que a doença o causou parte de sua vida. Tanto a morte quanto os sentimentos melancólicos refletiam radicalmente em seus versos. Seu reconhecimento foi conquistado graças a publicação de seus trabalhos em jornais de seu tempo. A poesia de Tavernard passeia por vários movimentos literários – do barroco ao modernismo, passando pelo romantismo e pelo simbolismo. Enfim, um poeta diverso que fez da Amazônia o seu escritório particular. Certa vez escreveu: “Amazônia proteiforme, medonha é um estúdio de assombro singular; nela sente-se, à noite, Deus a trabalhar”. Antônio Tavernard tem, ao todo, três livros, dois deles publicados após a sua morte, sua narrativa foi comparada à do poeta, contista, romancista, dramaturgo e ensaísta fluminense Machado de Assis (Rio de Janeiro 1839 - Idem 1908). |